segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Os sentidos da fé


Na mais exata definição bíblica a respeito da fé – Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Hb 11 – encontramos dois pontos determinantes: certeza e convicção. Estas estão associadas à capacidade de se ver, enxergar... Enxergar além!
O sentido da visão interfere nos demais sentidos do homem. Assim como sem a audição não se tem a fala, a visão tem significativa atuação, principalmente, naquilo que a Palavra chama de esperança e prova ou certeza e convicção, coisas fundamentais e pertencentes à fé.


Há, todavia, uma certa resistência por parte de muitos cristãos a respeito deste assunto, afirmando que a fé está isolada, não tendo qualquer ação sobre os nossos sentidos. Isto se dá, não apenas por desconhecimento, mas, também, pela propagação das religiões orientais, ditas pagãs, que dão acentuada atenção à mente e, consequentemente, aos sentidos do homem.

Por outro lado, encontramos no “nosso” livro expressões que nos põem a pensar mais cautelosamente a respeito: Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. II Co. 11:3. Vemos aqui a clara preocupação do apóstolo quanto a preservação dos sentidos dos membros da igreja de Cristo, atribuindo a isto a razão pelo afastamento de muitos. Aos hebreus constatamos que o crente amadurecido na fé é aquele que tem por prática o exercício dos seus sentidos: Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Hb. 5:14.

A bíblia está repleta de relatos que avultam a importância do uso dos sentidos a favor de uma vida bem-sucedida na fé. Um fato curioso está registrado no livro de gênesis, em que Jacó estimulou o gado, através da visão, a conceber suas crias contra a própria natureza genética: E pôs estas varas, que tinha descascado, em frente aos rebanhos, nos canos e nos bebedouros de água, aonde os rebanhos vinham beber, para que concebessem quando vinham beber. E concebiam os rebanhos diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas. Então separou Jacó os cordeiros, e pós as faces do rebanho para os listrados, e todo o moreno entre o rebanho de Labão; e pôs o seu rebanho à parte, e não o pôs com o rebanho de Labão. E sucedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos canos, diante dos olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas. Gênesis 30:38.

Resumindo a história, boi e vaca brancos, por exemplo, ao se cruzarem, só podem conceber bezerros brancos. Com algumas varas riscadas diante do rebanho, Jacó violou essa lei genética. E isto fazendo uso do sentido da visão animal.

O apóstolo que mais falou sobre a importância dos sentidos fez o seguinte apelo à igreja de Corinto: Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas II Co 4.18. Por mais difícil que seja nos desprendermos dos problemas e aflições da vida diante de nossos olhos, não podemos achar ser impossível fazer o melhor uso da fé, olhando mais além. Ora, se bois e vacas violaram suas condições naturais, não seria nada inteligente se nós não nos esforçássemos para, por meio de “outros olhares”, mudarmos também as situações da vida que nos afligem. No verso 13 temos o seguinte: E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos.

Vemos aqui mais uma associação à fé. Desta feita é com a fala. Se no passado Jacó alcançou seu objetivo com varinhas de álamo, hoje, os filhos de Deus estão chamados a usarem a fala. Mas, assim como as varinhas precisaram de um tratamento especial para produzir o resultado esperado, nossa fala carece de tratamento, também. É o que chamamos de “confissão em linha com a Palavra de Deus”.

Naturalmente, se nos deparamos com um problema, sentimos esse problema, pensamos esse problema e, conseqüentemente, falamos esse problema. É assim que procedemos comumente. A proposta do Evangelho para a igreja de Cristo é outra, afinal, a fé está justamente para “violar” as coisas naturais das quais todos estamos sujeitos. Se precisamos e desejamos que “o branco fique listrado” ou vice-versa, necessitamos ver, sentir e falar pela fé que Cristo nos doou.

Quando Jesus ensinou a agradecer a graça pedida ao Pai antes de recebê-la, certamente não estava propondo uma postura que nos obrigue a viver falando da “boca para fora”. Agradecer algo pedido, antes de recebê-lo requer uma atitude de fé. Exige que se exercite todos os sentidos... Isto implica em agradecer como se já tivesse recebido, como Jesus nos instruiu e, além disto, sentir que recebeu, se comportar como se tivesse recebido, ver o que foi pedido pelos olhos da fé, falar consigo mesmo e com as pessoas ao redor, como se já tivesse alcançado a graça almejada.

Não vou negar que tal comportamento possa causar estranheza nas pessoas de seu convívio. Por outro lado, se você se utilizar dessa atitude de forma natural e não como uma “bandeira”, que denote fanatismo religioso, certamente isto não só lhe trará o resultado esperado, como, também, ainda inspirará a muitos, e você será uma pessoa muito bem-vinda no seu círculo de amizade e tida como alguém otimista, diferente e vencedor.

Finalizo dizendo que as adversidades da vida, quando tratadas do modo aqui apresentado, nada mais serão que boas oportunidades para se testemunhar a fé que você tem em Jesus Cristo. Tome agora mesmo uma atitude verdadeiramente cristã. Exercite os sentidos da fé e experimente do melhor que Deus separou para os seus filhos.

Que Cristo lhe encha de sua graça!

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